Dia desses soube pelo noticiário que uma tal de Associação de Vítimas dos Padres Pedófilos está entrando com uma ação de indenização na Côrte Penal Internacional de Haia contra o Papa Bento XVI e demais altas autoridades do Vaticano. Alegam que o Papa e as autoridades sabiam das práticas pedófilas de seus padres em vários países e nada fizeram encobrindo e minimizando os delitos.
Acho muito justo.
Resta saber se a Côrte vai aceitar a queixa visto que é tribunal de crimes de guerra e contra a humanidade e como fará para conseguir a presença dos acusados e julgá-los. A Igreja Católica, sabe-se, já pagou cifras milionárias de indenizações à vítimas e isto só já é uma confissão de culpa.
Sempre que este tema vem à baila lembro-me da minha própria horrorosa experiência com um padre no tempo que eu era uma pré-adolescente ingênua e desavisada.
Corriam os anos 50 e eu diariamente voltava da escola no mesmo horário e perto da minha casa havia um seminário de padres, na zona sul de São Paulo.
Tempos em que os padres ainda andavam de batina preta e, portanto, facilmente identificáveis. E havia muitos na região.
Um deles cismava de me esperar todo dia na esquina por onde eu passava e me abraçava e seguia andando comigo me segurando com fôrça, acariciando-me. O estranho era que passávamos diante de muitas casas e cruzávamos com pessoas e ninguém dizia nada. Eu ficava cada dia mais envergonhada pois instintivamente sentia que algo estava errado e era de uma tal ingenuidade que não conseguia dar um basta naquilo. Tentava desvencilhar-me do raio do padre e não compreendia o que aquilo significava. Só sentia vergonha.
Certo dia meu pai desceu a rua de carro e viu a cena. Fez eu entrar no carro e me deu uma bronca enorme. Mas não interpelou o padre. Aí é que fiquei apalermada. Senti-me muito injustiçada.
Resolvi o problema da única forma que soube fazer: mudei o percurso de casa, aumentando em algumas quadras o meu trajeto.
Quantas crianças indefesas este padre terá molestado?
Quantas crianças indefesas este padre terá molestado?
Mas a vida ensina: ai do padre se topasse comigo hoje!
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