sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Padres católicos

Dia desses soube pelo noticiário que uma tal de Associação de Vítimas dos Padres Pedófilos está entrando com uma ação de indenização na Côrte Penal Internacional de Haia contra o Papa Bento XVI e demais altas autoridades do Vaticano. Alegam que o Papa e as autoridades sabiam das práticas pedófilas de seus padres em vários países e nada fizeram encobrindo e minimizando os delitos.
Acho muito justo. 
Resta saber se a Côrte vai aceitar a queixa visto que é tribunal de crimes de guerra e contra a humanidade e como fará para conseguir a presença dos acusados e julgá-los. A Igreja Católica, sabe-se, já pagou cifras milionárias de indenizações à vítimas e isto só já é uma confissão de culpa.
Sempre que este tema vem à baila lembro-me da minha própria horrorosa experiência com um padre no tempo que eu era uma pré-adolescente ingênua e desavisada.
Corriam os anos 50 e eu diariamente voltava da escola no mesmo horário e perto da minha casa havia um seminário de padres, na zona sul de São Paulo. 
Tempos em que os padres ainda andavam de batina preta e, portanto, facilmente identificáveis. E havia muitos na região.
Um deles cismava de me esperar todo dia na esquina por onde eu passava e me abraçava e seguia andando comigo me segurando com fôrça, acariciando-me. O estranho era que passávamos diante de muitas casas e cruzávamos com pessoas e ninguém dizia nada. Eu ficava cada dia mais envergonhada pois instintivamente sentia que algo estava errado e era de uma tal ingenuidade que não conseguia dar um basta naquilo. Tentava desvencilhar-me do raio do padre e não compreendia o que aquilo significava. Só sentia vergonha. 
Certo dia meu pai desceu a rua de carro e viu a cena. Fez eu entrar no carro e me deu uma bronca enorme. Mas não interpelou o padre. Aí é que fiquei apalermada. Senti-me muito injustiçada.
Resolvi o problema da única forma que soube fazer: mudei o percurso de casa, aumentando em algumas quadras o meu trajeto.
Quantas crianças indefesas este padre terá molestado?
Mas a vida ensina: ai do padre se topasse comigo hoje!


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