quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mãe de velejador - 2

Hoje em dia , olhando para o passado, me surpreendo com tudo que passei com o filho velejador. As minhas memórias dos campeonatos e viajens de que participou com o seu barco Optmist, divergem totalmente das dêle. Êle só lembra dos velejos, das raias de regata, dos amigos, dos ventos, das vitórias e derrotas, dos detalhes técnicos, das bagunças que faziam.
Eu lembro muito mais da retaguarda que tinha de dar às suas atividades esportivas. Juíza e auxiliar de juíza de regatas que fui durante décadas, tinha de me dobrar em duas para dar conta de tudo. Era engraçado. Ficava de ôlho nas largadas e chegadas e acompanhando as regatas de todo mundo e tentando descobrir o que o filhote estaria aprontando enquanto eu cuidava dos outros.
Lembro particularmente de um dia na represa Guarapiranga quando fui juíza de um campeonato inter-estadual de Optimist em que o vento estava fortíssimo, muito mais que o normal e mesmo os mais velhos foram virando e até os bombeiros vieram falar conosco sobre o perigo, algo inédito na represa, e decidimos anular a regata. A raia parecia um campo de guerra.
Sempre ensinamos para as crianças que a segurança está em primeiro lugar e se percebessem que não dariam conta dos seus barcos que fossem se abrigar nas prainhas e nas ilhas que depois nós os resgataríamos de lancha.
Deu uma confusão danada. Com muito custo conseguimos levar a lancha da juria até a Federação e de lá iríamos acionar os resgates. Só que sou mãe sempre e em silêncio percebí que não havia visto meu filho há tempos. Pelo rádio comunicamo-nos com todos os clubes da represa e soubemos que as crianças haviam se espalhado e todas estavam em segurança. Aí veio um rádio da Federação dando conta que só faltava o 1559, meu filho. Como conhecia bem meu filhote, que ainda era muito pequeno, tinha certeza que estava na chamada “prainha”, lugar abrigado e seguro. Mas... e se não fosse verdade?? Passei muita angústia. Dali a pouco chegou a lancha do meu amigo Hansi que sempre ajudava em horas de apêrto, dando risada, e me avisando que encontrou o Ingo na dita prainha, mas que estava jogando futebol e não queria ser rebocado tão cedo. Quando o vento cedesse voltaria sozinho para o nosso clube.
Ai, ai, fico nervosa só de lembrar...

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