segunda-feira, 25 de abril de 2011

Regata do Descobrimento

Sempre nesta época do ano lembro-me de uma regata de que participei no final dos anos 60.
Regata esta num barco de oceano, destes em que vai muita gente e só veleja no mar. Estávamos no Iate Clube de Santos, no Guarujá, e os veleiros se preparavam para esta regata comemorativa do Descobrimento do Brasil e a largada era na barra de Santos e a chegada em Bertioga onde descendentes portugueses de Cabral nos aguardavam.
Como não era uma regata classificatória para algum ranking o dono do Flamingo, barco em que fui, um holandês maluco, decidiu não levar muito a sério e convidou para embarque todas as “viúvas da vela” ou seja, as namoradas, esposas, etc. que costumam ficar em terra enquanto os homens velejam. Existem muitas por aí.
Lá fomos nós. Lindo dia de sol, vento moderado, muita mulher de biquini deitada no convés e capirinha a bordo, muita música e diversão. Os adversários-amigos se mostraram invejosos. Meu namorado e posterior marido comandava o barco e, apesar do clima festivo a bordo, velejou uma regata eficiente e, com boas manobras, rapidamente estávamos liderando a prova. Os adversários não acreditavam no que viam pois nosso barco estava com sobrepêso por excesso de mulheres e poucos tripulantes experimentados.
Ganhamos de ponta a ponta e quando vimos que os portuguêses vindos especialmente para estas comemorações estavam de terno e gravata na praia e dois dêles estavam fantasiados de Pedro Álvares Cabral e seu marinheiro ficamos envergonhados pois não havíamos pensado em levar uma roupa adequada e tivemos de ir à cerimônia  de entrega dos prêmios enrolados em cangas e os homens de bermuda mesmo. Aliás, isto é normal nas regatas em geral e não contávamos com a exímia e formal educação dos portugêses. Mas tudo acabou bem e nosso holandês maluco ainda convidou os portuguêses a voltar ao Guarujá no nosso barco. Declinaram, acho que pelo nosso alto teor etílico.
Foi um festival e tanto. Ainda hoje dou risada.

Nenhum comentário: