terça-feira, 3 de maio de 2011

Mãe de velejador - 5

Em 1991 meu filho participou do último campeonato sul-americano da categoria Optimist, em Porto Alegre, pois estava completando 15 anos e iria deixar esta classe de vela.
Na época eu trabalhava num escritório que estava em dificuldades e não pagara os salários e assim o filhote não pode ir de avião como os colegas e teve de ir de carona com o técnico, o Boca, que anos mais tarde foi assassinado no Ceagesp, crime que repercutiu muito na imprensa. Foram puxando oito barcos numa carreta especialmente desenhada para isso e, ao chegarem ao local, constataram que não havia alojamento disponível. A primeira noite dormiram no carro no estacionamento do clube Jangadeiros à beira da lagoa dos Patos.
Assim como em São Paulo, também em Porto Alegre a vela é um entusiasmo familiar e várias gerações se perpetuam. Quando a famosa família gaúcha Parededa descobriu que havia um menino Bekman sem alojamento perguntaram-lhe de qual Bekman era filho e êle citou o nome do pai que outrora fôra um grande velejador mas que já estava entregue à bebida e nunca havia feito absolutamente nada pelo seu filho. A simpática família Paradeda não sabia nada disto e hospedou-o maravilhosamente bem e eu fiquei enciumada.
O campeonato transcorreu, deu tudo certo e por um pontinho o filhote não foi classificado para o mundial que seria realizado na Grécia. Lamentamos muito.
Como a querida Heloísa Paradeda estimulava o Ingo a ligar-me todos os dias, fiquei sabendo que voltariam de carro na mesma noite da entrega dos prêmios e, portanto, deveriam chegar em São Paulo pela manhã.
Só que não chegaram. Passaram-se as horas e eu fui ficando cada vez mais angustiada. Permanecí no meu trabalho aguardando um telefonema. Liguei para Porto Alegre e informaram que os dois haviam partido a noite com todos os barcos, como combinado. Ai, que nervoso. Os colegas tentavam me acalmar e a telefonista deixou uma linha do Pabx desocupada para o filhote ligar. Lá pelas 5 horas da tarde ligou dizendo com a maior calma que já estava em casa. Perguntei-lhe onde esteve e disse candidamente que dormiram em Torres e saíram de lá cedinho.
Uma grande falha de comunicação que quase me causou um enfarte.

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