sexta-feira, 6 de maio de 2011

Praga minha pega

Não sou de praguejar mas nas poucas que vêzes o faço, o bicho pega.
Lembro-me de uma praga que soltei lá pelo final dos anos 60 quando meu então noivo foi velejar de barco de oceano e me convidou. Acontece que havia só homens como tripulantes e um dêles não quis que eu embarcasse. Sentí-me mal em impôr a minha presença e não fui junto para a regata e conformei-me em ser “viúva de vela”por várias horas e ficar esperando a volta do pessoal no Iate Clube de Santos, no Guarujá, onde não conhecia ninguém. Ao partirem, pensei maldosamente: tomara que quebre alguma coisa e voltem logo. Meia hora depois voltaram com a retranca quebrada.
Anos depois fui ao Rio de Janeiro com meu marido e seu proeiro, que estavam participando de importante campeonato da categoria Star. Num dos dias o proeiro ficou doente e meu marido me obrigou a tomar o lugar dêle no barco. Achei roubada porque é um barco extremamente técnico e requer tripulantes muito pesados. Nós dois éramos peso pena e estava um vento fortíssimo. Embarquei muito a contra-gôsto pois além de tudo não gostava de velejar com meu marido em regatas pois era muito cri-cri e nervoso. Na vela é sabido que casais ou irmãos não devem velejar juntos. Dá Briga. Bem, lá fomos nós e eu pensei com meus botões que poderia quebrar alguma coisa para voltarmos. Pensado e crrraash, tuuuum, o mastro partiu ao meio. Juro! Claro que nunca contei-lhe o meu pensamento negro...
Décadas depois aconteceu outro fato curioso com o poder das minhas pragas. Trabalhava já na falecida Gazeta Mercantil e, logo ao chegar, os meus funcionários estavam em polvorosa porque havia um pedido de um jornalista bem chato para uma pesquisa que demandaria muitas horas. Logo percebí que não seria possível no prazo estipulado e praguejei em alto e bom som “tomara que falte luz”. A luz se apagou e só voltou à noite.
Cruzes...

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