quinta-feira, 2 de junho de 2011

Meu primeiro dia de aula

Já contei aqui que quando era menininha via meus irmãos  irem para a escola e morria de vontade de ir também. Desejava ter uma mala, cadernos e lápis para escrever.
Finalmente um dia deu-se a grande aventura. Morávamos em um espécie de sítio em Campos do Jordão e o motorista Nelson levava meus irmãos à escola pública. Um belo dia pude ir também, logo pela manhã. Peguei a nova mala, ai que delícia, vestí o uniforme e fui feliz.
Chegando no pátio meus irmão desapareceram e fiquei sem saber para onde ir. Tocou o sinal e as crianças sumiram em suas diversas salas e eu lá, plantada. Sentei num banco e fiz o quê? Chorei. Apareceu uma doce freira que quis saber o que fazia ali chorando. Expliquei-lhe que não sabia para onde ir. A freira perguntou o meu nome e consultou listas do quadro de avisos e disse-me que eu deveria voltar à tarde pois estava matriculada para este turno. Dei-lhe a entender que a minha mãe havia me mandado de manhã, não tinha como voltar para casa sozinha pois era muito longe e se minha mãe assim disse, assim teria de ser. O tempo passava.
Ouvia as crianças tendo aulas pela janela das salas eu lá no banco. A freira desapareu por um tempo e depois voltou dizendo que já havia arrumado uma sala para eu estudar de manhã. Conduziu-me à classe mista, sentou me na primeira fileira e logo pressentí que havia perdido um monte de coisas. Na lousa estava escrito “eu vejo uma tatu”. Aprendí rapidinho e adorei. Lembro me inclusive do nome da professora: Clímenes. Estava toda de preto e impressionei-me pois contaram que ela havia perdido o marido há pouco tempo.
Tempos depois entendí o que havia acontecido: meus pais não ainda não dominavam o português e, na hora da minha matrícula, não entenderam que eu deveria estudar à tarde.
Ainda bem que a doce freirinha resolveu a questão rapidamente.

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