quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Antigamente

No meu tempo que era bom, não é assim que muitos dizem?
Eu não digo não! 
Imaginem, no meu tempo de mocinha eu era mal falada na escola. Euzinha, uma menina completamente ingênua! Mas é verdade.
Lá pelos anos 60 as mocinhas de boa família eram muito pudicas. Não podiam fazer nada. Só iam à festas acompanhadas de pai e mãe, namoravam no portão de casa e, supra-sumo do avanço do namoro, no sofá da sala. Nunca podiam ficar sozinhas com o dito. Andar de fusca sozinha com um moço era o máximo da devassidão. Tempos difíceis...
Nesta época comecei a frequentar o clube de iatismo e daí a começar a velejar foi um pulo. Adorei e continuei.
Entusiasmada comentava com minhas colegas de ginásio e comecei a observar que aqui e ali as até então amigas começaram a me evitar. Lá pelas tantas uma das meninas deu uma festa de quinze anos e convidou a classe inteira menos eu. Observei que também não era convidada para um ou outro bailinho que davam. Eu não me importava muito pois os meus pais nem em sonho pensavam em me acompanhar para alguma festa e ir sozinha nem pensar.
Resolvi investigar assim mesmo e perguntei para minha amiga mais chegada, a Tereza, o porquê da situação. A resposta caiu como uma bomba, claro, eu andava sozinha de barco na represa com rapazes!!!
Descobri que era devassa sem saber ao menos o que um bom passeio de barco poderia nos proporcionar.
Hoje sei que fui muito burra. Nunca deveria ter contado isso às minhas colegas que não eram esportivas e sequer conheciam o esporte que não era nem um pouco difundido naqueles tempos.
 Olhando para trás e rindo de mim mesma, percebo mais uma vez a clara diferença que havia na época no meu ser. Eu era completamente alemã convivendo com brasileiros tradicionalíssimos que mantinham suas filhas em casa debaixo de suas vistas. Analisando hoje lembro-me que naquela época a grande maioria que praticava o iatismo aqui em São Paulo eram estrangeiros, havia pouquíssimos brasileiros e mulheres dava para contar com os dedos da mão. Daí a grande confusão. Eu estudava numa escola bem brasileira e nos fins de semana fazia esporte de gringo.  
Só podia dar nisso. Ainda bem que tudo mudou e temos ótimas moças velejando.

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