quinta-feira, 10 de março de 2011

Irmão mala?

Quando chegamos ao Brasil meus dois irmãos mais velhos foram logo matriculados na escola e eu não.
Eu não entendia esta discriminação e na minha cabeça de criança achava que era porque eu não tinha uma mala igual a deles. Naquela época as crianças usavam umas pastas de couro que carregavam pela mão, bem diferente das mochilas de hoje. Desejava muito ir à escola e esperava ardentemente que alguém me desse uma mala para eu poder partir com meus irmãos. Eu até me admirava no espelho segurando uma das malas dêles e imaginava como seria bacana ter a minha com meus cadernos e lápis.
Morávamos em Campos do Jordão nesta época, onde meu pai arrumara um emprego como chefe de manutenção de uma fábrica de cachaça de pêra, a calvila, que pertencia a ninguém menos que Adhemar de Barros, dirigida por um testa-de-ferro, Mario Böckman.
Um belo dia meus pais nos surpreenderam anunciando uma viajem dêles à São Paulo e com um certo estardalhaço disseram que trariam uma coisa muito bacana para nós.
Imediatamente tive certeza que agora chegaria a minha mala e aguardei a volta deles ansiosamente sonhando com  minha nova fase de vida.
Lá pelas tantas voltaram, desceram do carro e nos convidaram a olhar no banco de trás do carro pois lá estava a surpresa. Não era a minha mala e sim um bebê recém-nascido!!
Que espanto e decepção. Até hoje não entendo porque não nos prepararam para a chegada do irmãozinho brasileiro caçula. Era bonitinho mas levamos um bom tempo para nos acostumar à ele.
Só vim finalmente a ganhar a minha mala no natal daquele ano e tive ainda de esperar um bom tempo para começarem as aulas. Mas desfilava com ela pela casa me achando muito sabida.

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