quarta-feira, 2 de março de 2011

Seleções

Não quero falar de seleções de futebol, não.
Trata-se da Seleções do Readers Digest, revista que marcou a minha infância e juventude e, pelo que tenho ouvido e observado, também teve e ainda tem influência na vida de muita gente da minha faixa etária.  E eu nem sabia que ela ainda existe.
Como fui alfabetizada já em português aprendí a língua muito rapidamente e meus irmãos também pois crianças, como se sabe, aprendem sem mêdo e sem restrições. Mas isto criou um problema para os meus pais pois nós crianças passamos a conversar entre nós na língua tupiniquim e eles não mais nos entendiam.
Alerta vermelho. Meu pai baixou um decreto: do portão para dentro da casa não podíamos mais falar português entre nós sob pena de termos de jantar em pé. Jantamos muito em pé.
Logo ficou claro que esqueceríamos o alemão com rapidez e aí veio outro decreto paterno: como não estávamos em escola alemã não evoluíamos no idioma e a sentença era que todo dia tínhamos de fazer uma cópia de matéria da Seleções em alemão, Das Beste von Readers Digest, que eu não sei onde arrumavam. Além da cópia, à noite éramos obrigados a dizer em alemão o resumo do copiado.
Como eu já gostava de ler acabava lendo as outras matérias e as famosas piadas da coluna “Rir é o melhor remédio” ou algo parecido.
Foi assim que aprendí a ler e escrever em alemão. Era chato, mas funcionou.
Só me arrependo de não ter feito o mesmo com meu filho.

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